Ao longo da história, o corpo negro sempre foi objeto de representações carregadas de estereótipos e preconceitos. Desde os tempos coloniais e escravistas, a mídia e a cultura popular reforçaram imagens que associavam pessoas negras à força física e ao trabalho braçal, transformando corpos em símbolos de esforço e resistência, mas também em mercadorias visuais. Revistas, fotografias e filmes antigos muitas vezes perpetuavam essa visão, mostrando o corpo negro como algo funcional, útil para os outros, e raramente como sujeito de sua própria história.
Com o passar dos anos, a exploração visual e simbólica do corpo negro ganhou novas formas, mais sutis, mas igualmente problemáticas. Hoje, não se trata apenas de força física, mas de aparência e performance. O corpo negro passou a ser valorizado por padrões estéticos e comerciais que reforçam uma visão limitada e objetificada: nos anúncios, clipes musicais e redes sociais, sua imagem é constantemente utilizada para vender produtos ou evocar emoções, muitas vezes sem reconhecer a pessoa por trás do corpo.
Essa transformação evidencia que a exploração não desapareceu, apenas mudou de forma. A mídia contemporânea ainda se beneficia de representações que colocam o corpo negro como acessório ou mercadoria, enquanto outras narrativas mais profundas e complexas continuam marginalizadas. O que antes era trabalho físico imposto por coerção, hoje se manifesta como exploração simbólica, reforçando desigualdades históricas de maneira velada e, muitas vezes, invisível para o público.
Entender essa trajetória é essencial para questionar a forma como consumimos imagens e entretenimento. Ao analisar o corpo negro na mídia, percebemos que as estruturas de poder continuam presentes: quem controla a narrativa, quem se beneficia da representação e quem é deixado à margem são questões centrais. A crítica não visa apagar a presença negra na mídia, mas exigir que essa presença seja plural, completa e livre de estereótipos exploratórios.
Portanto, a reflexão sobre o corpo negro e sua representação é mais urgente do que nunca. Reconhecer os padrões que persistem e promover narrativas que valorizem a diversidade e a subjetividade é uma maneira de romper com a exploração histórica. A mídia tem papel crucial na formação de percepções e atitudes, e é responsabilidade coletiva transformar a forma como corpos negros são retratados, garantindo dignidade e autenticidade em cada imagem, cena e campanha.